A escola tem sido cada vez mais responsabilizada pela educação integral das crianças, em decorrência até da própria rotina das famílias, que gera uma distância entre elas e a atividade dos filhos. No entanto, a efetivação deste quadro traz impacto bastante negativo no desenvolvimento das crianças, tanto afetivo quanto pedagógico. Na educação especial esta realidade é ainda mais grave.
Muitas vezes, por falta de compreensão da deficiência, as famílias não se preocupam em acompanhar os progressos dos filhos por julgar que o desenvolvimento deles não será expressivo. Em outros casos, principalmente logo após o nascimento do filho deficiente, as famílias criam um sentimento de “negação”, que é a dificuldade para aceitar o filho como ele é. Neste caso, elas perdem uma grande oportunidade de trabalhar a estimulação em conjunto com a escola, de aproveitar o período mais fértil para o desenvolvimento da criança.
É imprescindível que as famílias entendam o real papel delas no desenvolvimento pleno da pessoa com deficiência. Apenas os pais ou pessoas mais próximas têm condição de acompanhar e celebrar cada conquista que, mesmo pequena, é muito importante para o indivíduo. O apoio e a manifestação são a motivação para que o deficiente busque seu desenvolvimento e aprimoramento contínuo nos aspectos psicomotor, físico, intelectual, social e emocional, que envolvem o processo de aprendizagem. Esta participação deve ocorrer nas reuniões da escola, no acompanhamento da agenda e das atividades que são desempenhadas na instituição, bem como na busca de orientação, informações e troca de experiência com outras famílias.
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Deve haver equilíbrio entre a participação da escola e da família no desenvolvimento de crianças com deficiência. Foto: Na Lata |
Imprescindível também é o afeto familiar, que deve acontecer em todos os momentos da vida, principalmente na infância. Porém, é importante frisar que ele deve sempre ser manifestado de
maneira equilibrada, evitando os extremos da superproteção e da negação do filho, que podem resultar, por exemplo, em insegurança, baixa autoestima, passividade, dificuldade de
socialização e de enfrentar situações de conflito ou dificuldade.
Ivete Castro é mãe de cinco filhos, sendo que dois deles têm Síndrome de Down. Nesta trajetória, Ivete sempre esteve presente na rotina deles, acompanhando de perto as atividades nas
escolas onde estudaram. “Procuro participar sempre e me envolver em tudo que diz respeito ao desenvolvimento dos meus filhos porque, vendo o interesse que nós, pais, temos, eles
acreditam que nada será impossível para eles. A alegria, o afeto e os elogios da família incentivam o filho a superar os seus limites, sendo perceptível a diferença na criança quando isso
acontece.”
Também é muito importante que as escolas especiais encontrem maneiras inteligentes e viáveis de aproximar as famílias, despertar nelas a razão e a importância da participação na rotina dos
filhos. A Escola Multidisciplinar de Curitiba, que atende crianças de 0 a 6 anos com deficiência múltipla, faz um trabalho diferenciado de apoio e aproximação às famílias, realiza atendimento
psicológico para os pais, tanto na esfera individual quanto em grupos. Nestes encontros, são trabalhados diversos temas, além de filmes. Em alguns deles, são convidados adultos com
deficiência múltipla, que demonstram como é possível seguir com uma vida de qualidade apesar da deficiência. A diretora Eliane Reinert afirma que estas práticas são essenciais para o
desenvolvimento dos alunos e facilitam a aceitação das famílias. Segundo ela, é visível a diferença no desenvolvimento dos alunos cujos pais são presentes em relação àqueles que têm uma
família ausente.
Desta forma, é importante que ambas as partes criem espaço para esta relação: a escola, abrindo as portas com atividades que cativem e gerem interesse nos pais; e as famílias, que devem
organizar suas rotinas para participar de todas as atividades possíveis e incentivar a cada instante o desenvolvimento dos seus filhos. |